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LIDERANÇA. A PRIMEIRA COISA : LIDERE A SI MESMO


“Quer conhecer um líder? Olhe para a sua equipe.” ( John C. Maxwell)

Nos meus 23 anos como oficial de polícia, como Comandante e como líder, eu jamais encontrei uma frase tão certa com relação a liderança. No militarismo usamos uma outra versão dela que é:

“A tropa é o espelho do comandante.”

Vejamos nesta história que aconteceu a pouco tempo comigo:

Um dia um 2ºTenente chamado Roberto (nome fictício para preservar o oficial) chegou até a mim, suado e quase gritando disse:

—Comandante eu não sei mais o que fazer com esses Soldados, eles são muito indisciplinados, não querem cumprir as missões e sempre tenho problemas em meu serviço, sempre que estou de supervisor de policiamento é assim, essa nova formação não tá servindo!

Eu, tranquilamente, após o escutar, o ofereci água, o convidei a sentar, e passei a fazer algumas perguntas:

– Em todos os serviços eles agem assim, com os outros oficiais?

Pensou um pouco e respondeu

—Acho que não…, tenho notado que eles estão com implicância comigo.

—Antes do serviço você os coloca em forma e os explica como quer que seu serviço aconteça, explanando a sua visão, dentro da missão que lhe foi repassada pelo Comandante?

—Ahh, chefe, as vezes tá tão corrido na rendição que não tenho tempo pra essas coisas.

—Quantas vezes você passa nos postos de serviço, afim não só de fiscalizar, mas de corrigir e orientar os policiais que estão lá?

—as vezes passo, mas são tantas ocorrências que muitas vezes não dá tempo,

—entendi, e quantas vezes você fez alguma comunicação disciplinar (relato de indisciplina, baseado na legislação PM), em desfavor de alguma praça que não cumpriu o seu dever?

—prefiro não fazer…eles vão ficar chateados e não vão mais querer minha amizade.

Na mesma hora solicitei que chamassem a minha sala o 1ºTenente Antônio (nome também fictício), que apesar de pouco tempo de rua, apenas dois anos, eu o tinha como um dos melhores oficiais da casa.

Ao chegar perguntei:

—Ten Antônio, o que você acha de nossa tropa de Soldados?—Sem nem pensar já foi respondendo—Uma das melhores tropas que já vi comandante, são disciplinados, respeitadores e a cima de tudo, cumprem a sua missão em servir bem a comunidade, com coragem e proatividade.

—Que bom, e me diga como se desenvolve o seu serviço? O que você faz assim que chega para seu turno?

—A primeira coisa que faço é ir ao alojamento, conferir no espelho se estou bem uniformizado, limpo, barbeado, coturno(botas) engraxadas, armas checadas e com colete a prova de balas. Só ai que vou e reúno a tropa que está entrando de serviço para relembrar a ela a importância de nossa missão, as ordens do senhor comandante do batalhão e como eu desejo que o serviço transcorra. Encerro perguntando se alguém tem alguma sugestão ou dúvida que queira explanar para deixar o serviço mais produtivo.

Enquanto o Ten Antônio falava, notei que o Ten Roberto se encolhia em sua cadeira.

Perguntei ainda:

—Antônio, quantas vezes você passa em cada posto de serviço em seu turno?

—Comandante, na maioria das vezes passo duas a três vezes em cada posto, além de sempre ligar para os comandantes de viaturas e marcar para encontrá-los em suas áreas para que possamos conversar e saber como anda o serviço.

—Você já fez alguma comunicação disciplinar dos policiais?

—Infelizmente sim Major, o senhor sabe, que primeiro oriento, depois corrijo, mas quando o servidor ainda insiste em não fazer a coisa certa, sou obrigado a comunicar para que sejam punidos na forma de nossos regulamentos.

Ao final da fala do 1ºTenente Antônio, fiz questão de checar as estatísticas criminais do batalhão e comparar os dados dos dias em que os Tenente Roberto e Antônio, estavam de serviço. Não me surpreendi ao ver que nos dias que o Ten Roberto estava de serviço, sempre ocorriam a maioria dos crimes e a produtividade de apreensão de armas e de prisões de criminosos era baixíssima. Em contra partida, nos serviços do Ten Antônio, já fazia seis meses que não se registravam homicídios e era campeão de apreensão de armas e de prisões.

Agradeci ao 1ºTen Antônio e solicitei que ele saísse, pois continuaria conversando com o outro oficial.

Após o Antônio sair, perguntei ao Roberto:

—Após ouvir o relato de seu companheiro, que aprendizado você pode tirar?

De cabeça baixa, olhar baixo e a esquerda, costas curvadas, ombros caídos, respirou fundo e disse:

—É… eu acho que eu que sou o problema e não os Soldados.

Segui perguntando:

—O que o Roberto pode fazer para mudar esta realidade e fazer com que a sua equipe possa, trabalhar como um time e serem os melhores soldados da PMCE?

E o 2ºTen Roberto passou a descrever todas as mudanças que ele poderia fazer em suas atitudes, que poderiam trazer um melhor desempenho da tropa em seu turno de serviço, e a cada nova decisão, via-se claramente o seu corpo mudar de postura, ergueu a cabeça, falava com voz firme, ombros erguidos e um brilho nos olhos.

Ao final firmou um compromisso comigo e consigo mesmo, que seria um líder melhor e que antes de querer mudar os Soldados, ele mudaria primeiro. E deste dia em diante o Tenente Roberto foi um oficial completamente diferente e seus resultados positivos não tardaram a aparecer.

Neste caso real que contei aqui, refletiu bem o que saiu uma vez na revista Newsweek, palavras do presidente de uma grande rede mundial de hotéis:

“se aprendi algo em meus 27 anos servindo a indústria de serviços, foi isto: 99% de todos os empregados querem fazer um grande trabalho, o desempenho deles, no entanto, não passa e um reflexo do trabalho de seus líderes.”

Se você é um líder que vive reclamando da sua equipe, que onde chega fica falando para os demais o quanto alguém que trabalha para você é incompetente e descompromissado, com certeza você é o problema de sua equipe.

Existe uma história bem-humorada, contada por John C. Maxwell em alguns de seus livros sobre liderança, que acredito que represente bem o que estamos falando neste texto:

Durante uma reunião de vendas, o gerente repreendia severamente sua equipe por causa de algo desanimador: O baixo número de vendas alcançadas.

—Já me cansei de desempenho ruim e de desculpas – queixava-se ele. —se vocês não conseguem fazer o trabalho, talvez haja outras pessoas de vendas por ai que abraçariam a chance de vender este produto maravilhoso que cada de vocês tem o privilégio de representar.

A seguir, apontando para um novo contratado, um jogador profissional aposentado, ele completou:

—Se um time de futebol não está vencendo, o que acontece? Os jogadores são substituídos certo?

A pergunta pairou no ar por alguns segundos, até que o ex-jogador de futebol respondeu:

—na verdade, senhor se todo o time estivesse enfrentado dificuldades, normalmente trocávamos o treinador.

Quer saber que líder você é? Olhe para a sua equipe, e descubra o que você precisa mudar para que a sua equipe mude e vire um time de verdade, comprometido com o resultado de sua organização.

Isso chama-se AUTOCONSCIÊNCIA, a primeira coisa que você líder deve ter. É a consciência de quem você é de verdade, e só assim, entenderá em que você deve mudar, o que você deve passar a fazer, que cursos você precisa cursar, que livros tem que ler, só assim sua equipe crescerá, pois, toda grande equipe, traz por trás dela um grande líder.

Concluo dizendo:

Nenhum time vai além da capacidade do seu líder, cresça e seu time crescerá com você.

Abraços e vamos liderar meu povo!

William Magalhães

Programador neuro linguístico

Coach especialista em liderança

Psicopedagogo

Oficial de polícia.

 
 
 
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